Invejamos os ricos, mas não ao ponto de nos dobrarmos à baixeza de economizar para alcançar uma posição financeira mais confortável. Trabalhar, sentimos, já é humilhação suficiente.
Pela mesma razão, o trabalho para nós não tem o mesmo objetivo que tem para americanos e europeus. Para eles trabalhar é uma maneira de garantir um futuro melhor; para nós, é um modo de prover alguma gratificação instantânea. Se cometemos a baixeza de trabalhar é para vivermos mesmo que por um instante como se não o precisássemos.
É como resume magistralmente o refrão do Forró pé-de-chinelo de Marinês:
Coisa melhor é ver o dia amanhecer
Não querer nem saber que a gente tem que trabalhar
Que trabalhar é pra poder ganhar dinheiro
Ganhar dinheiro pra poder se esbandalhar
***
De um lado então, estão protestantes americanos, que crêem que há evidente mérito em trabalhar, porque possibilita a acumulação de riquezas; do outro, católicos[evangélicos] brasileiros, que crêem que há evidente mérito em desfrutar de riquezas, desde que não exija a acumulação de trabalho.
Tanto um pensamento quanto o outro afastam-se a seu modo da posição radical de Jesus, que cria não haver qualquer mérito na acumulação ou no desfrutar de riquezas. A postura de Jesus não prescinde do trabalho mas não o glorifica; não glorifica o ócio mas exige tranqüilidade. As aves não acumulam reservas, e ainda assim o Pai as alimenta – argumentava ele, não querendo com isso dizer que as aves não trabalham. Pelo contrário, a força do exemplo está em que as aves trabalham incessantemente, mas não movem um músculo para acumularem aquilo de que em última instância não precisam.
Os frugais é que são felizes, e rico é quem não precisa de nada.
por Paulo Brabo aqui
Sal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário