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sábado, maio 15, 2010

Utilidade pública


Hackearam meu Orkut. Pode uma coisa dessas?!
Sinto-me virtualmente violentado. Ainda deixaram um recado dizendo: isso não te pertence mais.
Ta lá, como se fosse uma bandeira pirata fincada na minha cabine de comando comemorando a desapropriação.
Antes de expressar minha dor quero registrar aqui minha indignação por ser forçado a escrever uma palavra tão feia como hackearam. Para escrever essa palavra ortograficamente correta tive que procurar sua matriz (hacker) no dicionário da língua portuguesa. E ela estava lá toda sorridente na pagina 465. 
Agora, alguém ai pode me explicar o que uma palavra 100% inglesa está fazendo em um dicionário de língua portuguesa? Como eu posso respeitar uma palavra que tem mais consoantes do que vogais? Desde quando ela está ali? Será que existem mais delas? Depois de invadirem nossas terras, matarem nossos índios, roubarem nosso ouro, nosso pau Brasil estão invadindo nossos dicionários. Alguém precisa tomar uma providencia, se não daqui a alguns dias nossos dicionários vão ser da língua portu-inglesa.
Como sinal de protesto todas as vezes que for obrigado a escrever essa palavra de novo vou usá-la de uma forma abrasileirada (não sei se existe essa expressão, mas pelo menos essa não é importada).
Então vamos lá: Raquearam meu Orkut. Pode uma coisa dessas?!
Ainda estou abalado psicologicamente. To pensando em fazer uma terapia de grupo online. A gente nunca imagina que vai acontecer conosco. Quem diria,...meu Orkut,...tantos anos,...nunca fez mal a ninguém. A gente não pode nem mais sair conectado por ai com segurança. Orkut deveria ter cerca elétrica ou pelo menos um alarme que manda-se uma mensagem para seu celular quando alguém tenta-se invadi-lo.
Já se passaram uma semana sem meu Orkut. A internet não é mais a mesma sem ele. Sabe aquela emoção que a gente sente quando entra no Orkut para ver se existe um novo recado, nem que seja aqueles com um ursinho pooh cheio de purpurina, piscando tipo neo em porta de boate, desejando uma ótima semana. Quando aparece a primeira pagina do perfil a gente já tá sabendo se existe um novo recado, porque já decoramos no dia anterior que nosso Orkut contabilizava 364 recados.
E não me venha com essa de Facebook, Myspace, Sonico, Twitter, Hi5 e etc. Nada pode substitui a dor da perda de um Orkut querido. Ainda mais quando essa perda foi ocasionada por tamanha violência e crueldade.
O pior é que ainda não me mandaram nenhum spam pedindo resgate.
Nunca imaginei que sentiria tanta falta de algo tão inútil. Fico aqui pensando quantas coisas inúteis preenchem nossas vidas, quantas coisas inúteis como o Orkut nos trazem um sentido inútil as nossas vidas. São esses tantos momentos de inutilidade que nos fazem sentir seguros.
Já imaginou se gastássemos mais tempo com coisas realmente relevantes? Já imaginou se todos os Orkut, MSN, email fossem raqueados? Teríamos todo tempo do mundo para gastar com coisas que realmente fazem sentido, que realmente importam. Que perigo isso. Fico com medo até de imaginar uma coisa dessas.
Penso que o mundo poderia ser transformado se uma coisa dessas acontecesse, e como já diria alguém que eu não me lembro quem: “preferimos ser destruídos a ser transformados”.
E a igreja. Hoje em dia igreja que se preze já tem Orkut, blog e email. Algumas, como a minha, até evangelizam via internet. Tem até discipulado online. Tudo muito moderno, nada de andar junto, olho no olho, comunhão, calor humano, nada de abraço forte, segurar na mão, orar juntos, chorar com os que choram. Tudo assim, impessoal.
Meu Deus, pensar em tudo isso é realmente muito perigoso. Acho que com a perda do meu Orkut tenho utilizado meu tempo ocioso pensando em coisas muito relevantes. Não estou acostumado com isso. Preciso ter minha vida inútil de volta, preciso do meu Orkut. Será que me mandaram algum recado nessa ultima semana? Nem que seja um ursinho pooh.
Se alguém ai souber alguma informação importante sobre o paradeiro do meu Orkut, por favor, envie um email para diogovieira7@hotmail.com.


“Para chegar ao que você não é você tem de seguir o caminho no qual você não está.” 
T.S. Eliot
 

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