O silêncio revelou a resposta de todos. Ninguém poderia dizer: “Eu não!”
A masturbação tem sido definida como “a procura solitária do prazer, por meio de excitações realizadas com as mãos ou de qualquer outra maneira”. No meio cristão, as opiniões sobre o tema divergem muito. Estudiosos variam de opinião, considerando a masturbação desde um pecado grave até um presente dado por Deus. Não é sem razão que as opiniões não tenham consenso: a masturbação não é diretamente citada ou proibida pela Bíblia.
A masturbação pode acontecer em diferentes fases da vida e ter um significado diferente para cada pessoa. Na infância, é um processo de reconhecimento do próprio corpo; na adolescência e juventude, tende a ser um modo de liberar a energia sexual, uma “válvula de escape”, já que não há um parceiro(a) sexual ou, se forem cristãos evangélicos, esperarão pelo casamento.
Certamente a nossa humanidade não é estática. Estamos em desenvolvimento e temos a possibilidade de viver uma contínua abertura para a realidade e para a verdade, ou, ao contrário, viver um fechamento e regressão. O Eterno criou o humano em uma abertura relacional, dando ao homem a possibilidade da intimidade e de relacionamentos que o façam crescer. Homem e mulher são obra perfeita que se completam em mútua dependência.
É por não conter a intimidade e o relacionamento que a masturbação não consegue expressar toda a beleza do projeto de Deus para a sexualidade humana. No livro Ele os Criou Homem e Mulher – para uma vida de amor autêntico, Jean Vanier descreve os dramas dos deficientes mentais da comunidade Arca. Muitos viveram experiências de rejeição; alguns deles se masturbam compulsivamente. Diante de realidades tão sofridas, ele conclui: “Outrora condenava-se com muito rigor a masturbação. Essa condenação corre o risco de suscitar temores, de alimentar o complexo de culpa, acarretando graves inibições e ate mesmo um ódio de si e do corpo. Hoje, a tendência e dizer que a masturbação não tem importância, que é preciso deixar correr, que é normal na adolescência. Parece-me que a verdade está entre esses extremos, entre o rigor excessivo e a licenciosidade. Não se deve condenar o jovem que se masturba. Ele tem pulsões que não consegue integrar. Porem, é preciso ajudá-lo a não repetir esta prática. A masturbação pode fechá-lo em si mesmo, num mundo imaginário e impedi-lo de viver uma verdadeira relação” .
Vanier sugere que não devemos condenar um jovem que se masturba; ele ou ela está buscando integrar-se. Contudo, a prática repetida contém perigos, sendo um deles a tendência de fechar a pessoa na fantasia. Uma personalidade madura nos possibilita enfrentar a realidade e amar os outros como são, e não como sonhamos que sejam. O risco é fechar o jovem em uma expressão sexual que não se orienta para a comunhão e para a doação. Muitos jovens estão presos em um ciclo de isolamento e angústia e usam a masturbação para aplacar a solidão.
É na vida autentica de seus relacionamentos, vivida pelo solteiro nas amizades e no namoro, que ele ou ela se abre para a vida verdadeira e para a expressão de afetos e medos. Em um contexto de aceitação e verdade, a confiança no amor cresce. Assim, o jovem caminha rumo à integração da sexualidade, afirmando sua esperança no amor e, sobretudo, no amor de Deus, que o cura e o livra da culpa.
Devemos lembrar que nossa sexualidade não se restringe ao genital, mas se expressa no cuidado e no afeto em nossos relacionamentos. A expressão “vida sexual ativa” como sendo somente o ato sexual reduz a sexualidade e não contempla todas as suas dimensões. Boa parte da ênfase na sexualidade genital é conseqüência do desaparecimento das verdadeiras amizades. Em uma sociedade que enfoca a sensação e não o vinculo, o sexo se torna expressão de corações feridos, e não de corações abertos.
Tenho a convicção de que muitos de nós, cristãos evangélicos, sofremos com a masturbação. Muitos querem deixar a prática e partir para um relacionamento, mas nem sempre conseguem. Porém, eu vejo beleza e verdade em todos aqueles que desejam servir a Cristo e, reconhecendo suas fraquezas, correm para a graça de Deus se apropriando das palavras do apostolo Paulo: “Já não há condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus”.
Podemos celebrar a sexualidade do povo de Deus porque celebramos aquele que criou a beleza, o prazer e o amor. O plano de Deus para nós é a participação em sua vida, no vínculo perfeito do Pai, Filho e Espírito Santo; é um pleno relacionamento com os outros; é amar. O grande drama humano é fechar-se em si mesmo, sem comunicar-se. Sem esta abertura re1acional, nossa vida se esvazia e a chama se apaga. A base da nossa esperança e a confiança no amor de Deus, que sustenta as nossas frágeis iniciativas de amor humano. Cada um de nós deve lutar pela esperança e amor em nossos relacionamentos, a fim de manter acesa a chama da vida.
Davi Chang Ribeiro Lin, Revista Ultimato setembro-outubro 2009.
sal.
sal.
2 comentários:
AMEI O BLOG
Q ATRAVEZ DELE POSSAMOS TRAZER VIDAS PARA O NOSSO SENHOR...
QUE DEUS ABENÇÕE CADA UM DOS IRMÃOS..
BJO NO CORAÇÃO!!
Muito bom ler suas palavras Ellen, estaremos orando por você! Um abraço.
Sal.
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