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domingo, dezembro 27, 2009

A SAGA DE UM ADOLESCENTE ONLINE - nº 1


CAPÍTULO 1: AQUELA PALAVRA!


Eu me lembro do dia fatal em que minha mãe proferiu aquela palavra pela primeira vez. Aquilo chegou aos meus ouvidos como um carrapicho na meia e cheirou mal como uma torrada queimando na cozinha. Eu nunca mais seria o mesmo. Como pude ser exposto de tal forma àquela palavra.



Eu estava bem na minha quando, de repente, percebi que o nariz de minha mãe se aproximava do meu rosto como se ela fosse um cientista maluco analisando pelo microscópio uma ameba amassada. Eu, sentindo-me um tanto desconfortável, tentava desviar-me. mas o nariz persistia – aproximando-se cada vez mais perto... e mais perto... e mais perto. Até que finalmente:

- Ah!

Minha mãe vencera! Ela descobrira a verdade escondida... um pontinho amarelado! Mas a pior parte estava por vir. Foi a palavra que ela disse que provocou mal-estar e embaraço.

- Eric, parece que você está na...

E foi bem aí que ela falou aquela palavra!

Pouco tempo depois, fui novamente exposto àquela terrível e abominável palavra. Outra vez ela saiu dos lábios inocentes e confiantes de minha própria mãe. Dessa vez, aconteceu na cozinha. Eu não sabia do perigo iminente, enquanto fuçava, matava a sede e a fome em um de meus cômodos preferidos da casa. Era lá onde eu encontrava algum refrigério. Era naquele exato lugar onde eu encontrava paz, alegria e satisfação. Mas também foi lá onde eu me vi face a face com aquela palavra!

- Mãe, me dá um copo de leite?

Enquanto dizia aquilo, minha voz falhou como uma taquara rachada. Foi como se um enorme ovo tivesse sido quebrado bem em minha cara. Minha mãe riu e disse:

- Que bonitinho! Eric. você está passando pela... E outra vez. tão claro como o dia, tão mal cheiroso quanto um gambá - aquela palavra.

É muito triste ter de dizer isto: eu, Eric, não sou o único que foi amaldiçoado por essa terrível palavra. Essa palavra tem uma reputação! Na realidade, é algo centenário! Sabemos que ela fez com que os criminosos mais durões ficassem corados de vergonha. Muitas mães já experimentaram grande desgosto, e pais se esconderam devido ao seu simples pronunciamento. E ela não afetou apenas a plebe. A história nos revela que ela derrotou até mesmo o cavaleiro mais corajoso e a princesa mais digna. Na verdade, essa palavra maluca é conhecida por ter fraquejado os joelhos do zagueiro mais durão e por ter amolecido como gelatina o coração do mais bravo oficial da marinha.

Aquele dia fatal na cozinha não seria a última vez que eu teria uma colisão frontal com aquela palavra. Não passou muito tempo para que as espinhas começassem a brotar em meu rosto como os cactos do nosso jardim e uns odores estranhos começassem a exalar de minhas cuecas anunciando em "claro e alto som" que Eric estava embarcando em um período de sua vida chamado... AQUELA PALAVRA!

Logo depois, todo o caos culminou com um enorme massacre da dignidade de minha infância, quando meu pai me chamou para termos "A conversa". "A conversa" baseou-se naquela palavra. Tudo o que era mais desagradável, tudo o que era estranho, tudo o que era gorduroso era culpa daquela palavra!


CONTINUA [até amanhã]
 

Sal.

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