No Haiti, onde três quartos da população ganham menos de US$ 2 por dia, e uma em cada cinco crianças padece de desnutrição crônica, o único negócio que prospera em meio a todo este cenário cinzento é a venda de bolinhos feitos de barro, óleo e açúcar, um quitute dos desesperados, que geralmente só é consumido pelos mais pobres.
No chão imundo das ruelas da Citie Solei, os bolinhos acinzentados estão cuidadosamente ordenados em cima de um pano velho, contrastando com o desarranjo do bairro mais perigoso de Porto Príncipe. Parecem uma peça de artesanato local, assemelham-se a cinzeiros achatados, mas são alimento dos que não querem morrer à fome.
Fruto do desembaraço das mulheres que tiveram de aprender como enganar a fome dos filhos, os "bolinhos de barro" surgem expostos um pouco por toda a parte.
Sentadas no chão e abrigadas do calor por tendas feitas de paus e panos, elas amassam a argila e a gordura com a ajuda de um pouco de água imunda.
Quando ganha a consistência certa, ganha também o nome de "bolinho" e é posto ao sol para secar. E ali ficam, à disposição dos famintos e das moscas.
Sal.
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